Os vampiros assombravam o século XVI e XVII na Europa Média. A Prússia, a Polônia e a Rússia estavam entre os países mais ″visitados″ pelos draculeanos. E a pergunta que não quer calar: vampiros existem?
Vamos pensar: como é um vampiro? Podemos enumerar algumas propriedades deles:
- sugam sangue;
- têm caninos desenvolvidos;
- são fotofóbicos;
- são agressivos;
- transformam-se em morcegos;
- são mais fortes que os humanos;
- não suportam alho e crucifixo.
Como explicar a existência de algo assim?
Penso que o povo algumas vezes inventa mas se escora em alguma ″realidade″ para fazê-lo. E eu desconfio de algumas circunstâncias conhecidas aqui.
Um vírus. Seu material genético é RNA. O contágio? A mordida, a dentada seguida de salivação. Na saliva deles, o poder de matar. Os transmissores podem ser cães, gatos, macacos, guaxinins, coiotes, lobos, chacais e… morcegos.
O vírus da raiva é introduzido no corpo da vítima e logo mostra a sua capacidade de promover estragos, particularmente no sistema nervoso. O paciente começa a desenvolver problemas associados ao comportamento: de um mau humor a problemas no engolimento. Surge a aversão temerosa à água – o que faz com que a raiva também seja conhecida como hidrofobia. Há relatos também de fotofobia – a mesma aversão, só que em relação à luz. O paciente manifesta maiores crises, vem o sintoma da danação. Ficam agressivos, atacam, mordem, são capazes de ações desproporcionais para sua força (típicos de algumas pessoas com transtornos psiquiátricos) e já não respondem mais pelos seus atos. A crise aprofunda e a morte sobrevém em praticamente todos os casos.
Captou a mensagem, nobre leitor? Uma mistura de elementos da patologia da raiva, de seus transmissores e de todo o espanto do povo em relação aos portadores da doença constróem nosso personagem. Os vampiros da Europa Média podem ter sido cidadãos comuns que sofreram de uma virose que os transtornaram, despersonalizando-os, virando-os pessoas arredias, notívagas, capazes de agredir gratuitamente porque perderam a auto-crítica e a auto-censura. Para mim, caso encerrado.
Quanto ao alho e ao crucifixo, bom, o povo também inventa um pouco, né?