Comemora-se no dia 29 de janeiro, desde o ano de 2009, segundo o calendário do Ministério da Saúde, o dia da Visibilidade Trans no Brasil. Mas, como falar de visibilidade, se o cenário brasileiro é opressor e de morte às Mulheres e Homens Trans?
Só em 2020, o número de assassinatos de Pessoas Trans, de acordo com o dossiê produzido e divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), aumentou em 48%, entre janeiro e abril, em relação ao mesmo período dos anos anteriores.
Dentre os principais fatores da mortandade estão, ainda, a transfobia, a carência de políticas públicas que alcancem a letra “T” do movimento LGBTQIA+, bem como a marginalização dessas pessoas, que acabam sendo alocadas dentro de um espaço “comum”, quase que imposto pelo restante da sociedade: a prostituição.
Não, a prostituição não configura crime no Brasil. Pelo contrário, a liberdade dos corpos é garantida pela Carta Magna, desde que àqueles não sejam agenciados pela cafetinagem – que é, infelizmente, uma realidade das ruas -. Todavia, a Travesti, na maioria das vezes, figura nessa posição não por escolha, mas por uma soma de fatores, que vão desde o êxodo escolar, pela transfobia, e, também pela violência, assédio e expulsão dessas pessoas por suas famílias.
Cabe inferir que, apesar de toda a violência ao corpo Trans, casas de acolhimento e de reinserção de Travestis e Transexuais em situação de vulnerabilidade têm crescido no país e ampliado as suas atividades com o apoio dos órgãos municipais e, também, privados , como Empresas que estimulam dentre outras coisas, à empregabilidade, cursos de capacitação e, em alguns casos, até ajuda de custo para à manutenção desses profissionais no seu primeiro emprego.
Observe, por fim, que o intuito desta publicação não é majorar os efeitos negativos da falta de visibilidade, quando a campanha é justamente a oposta, entretanto, faz-se necessário pontuar que a resistência desses corpos são uma realidade diária, num país que ainda é engessado em um modelo de escola não inclusiva e de famílias que oprimem, violentam e expulsam seus filhos e filhas de casa, embasados em uma construção cultural, muitas vezes religiosa, que macula a identidade e expressão do ser Humano Trans.